Na manhã da quarta-feira passada(16/09), estudantes da Faculdade de Direito do Recife, organizados pelo Diretório Acadêmico Demócrito de Souza Filho (DADSF-UFPE), e apoiados pela União dos Estudantes de Pernambuco (UEP) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), realizaram um protesto contra o professor José Janguiê Bezerra Diniz.
A manifestação foi comunicada a nós pelo Vice-Presidente Regional da UNE, Vinicius Barbosa e pela presidente do DADSF, Tamira Malvezzi. Embora nao seja um assunto vinculado a UPE, achamos uma boa ideia cobri-lo pois tem haver com o universo das Universidades Publicas de Pernambuco
Os estudantes reclamam que o professor Janguiê Diniz (que também é Procurador do Ministério Público do Trabalho e fundador da Faculdade Maurício de Nassau) estaria exercendo com descaso seu cargo como professor da FDR-UFPE.
Segundo os relatos dos estudantes, o professor tem entrado seguidas vezes com pedidos de requerimentos para obter licença de suas funções, e não vem ministrando as aulas para as turmas do 9º e 10º períodos. Os alunos estariam sendo prejudicados com o não cumprimento de sua carga horária na FDR, pois isso estaria atrasando a colação de grau dos formandos.
Cheguei à FDR por volta das 10h da manhã. Nesse momento, os representantes do D.A. estavam convocando os alunos para um ônibus que os conduziu pra frente da Faculdade Maurício de Nassau, onde se deu o protesto.
Foram distribuídas faixas pretas e narizes de palhaço para os manifestantes, que chegaram ao bairro das Graças por volta das 11h da manhã. Estenderam-se faixas com os dizeres: “Janguiê, sentimos suas faltas!” e “Procura-se Janguiê”.
Cerca de 80 estudantes estavam presentes no ato, entoando palavras de ordem entre os seguidos discursos proclamados em um megafone, nos quais se explicavam aos transeuntes e estudantes da própria Faculdade Maurício de Nassau (que assistiam à manifestação do lado de dentro da Faculdade) os motivos que os levaram a realizar o ato público.
O clima era pacífico e descontraído, mas intercalado pela falação séria e reivindicante dos estudantes, que pediam ou a exoneração do professor Janguiê, ou seu retorno imediato às aulas.
A Polícia Militar e a CTTU observaram o ato às bordas do protesto, e tudo correu tranquilamente.
O caráter irreverente da manifestação foi uma das características mais marcantes.
Entre os discursos e palavras de ordem (como “Se você pensa que Janguiê dá aulas, Janguiê não dá aulas não. Em vez de ir trabalhar, ele fica na sua mansão“, “Ô, Janguiê, cadê você? Faz cinco anos que a gente quer te ver“, ou ainda “É pra avisar esta cidade, é Janguiê fora da nossa Faculdade“), os estudantes abriram a mala de um carro, e colocaram, em som alto, músicas que satirizavam a situação do protesto.
No repertório, “Como vai você? “, de Roberto Carlos, “Vai trabalhar, vagabundo“, de Chico Buarque, e outras.
A manifestação terminou por volta da hora que produz menos sombra, o meio-dia, com a mesma tranqulidade que começou.
O professor José Janguiê divulgou nota sobre a sua licença na Faculdade de Direito do Recife – que vai até o dia 13 de fevereiro de 2010.
Porém, nem a nota de esclarecimento, nem o almoço oferecido pelo professor Janguiê aos estudantes, ontem, num elegante restaurante no Derby, convenceram os alunos da FDR a desistirem do ato que pediu sua exoneração.
Segue abaixo a nota divulgada pelo professor José Janguiê Diniz.
Nota de Esclarecimento
Por liminar expedida pela 10ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco, processo nº 2009.83.013094-4, foi concedida ao professor doutor José Janguiê Bezerra Diniz a manutenção da licença sem vencimento até a data de 13 de fevereiro de 2010, autorizada pelo Conselho Departamental da Faculdade de Direito do Recife, vinculada à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
O docente entrou com o pedido de licença sem remuneração à referida instituição no dia 01/03/2008, por questões pessoais. Nesta terça-feira (15/09/2009), o professor se reuniu com dirigentes do Diretório Acadêmico (D.A.) se prontificando a comparecer à Faculdade de Direito do Recife para esclarecer aos estudantes sobre sua licença, sugestão essa que foi recusada pelos representantes do D.A..
Ao entrar com o pedido oficial de afastamento temporário, o professor José Janguiê Bezerra Diniz visou, sobretudo, tornar seus atos transparentes, possibilitando ao Conselho Departamental substituí-lo, durante o período que vigorar a licença, por outro docente, para evitar qualquer prejuízo ao calendário acadêmico dos estudantes.